Silveira Capital participa de matéria do InfoMoney sobre Terras Raras no Brasil: riscos e oportunidades em destaque
A InfoMoney publicou recentemente a matéria "Vale a pena investir nas terras raras no Brasil? Conheça os riscos e oportunidades" de autoria do jornalista Lucas Gabriel Marins, trazendo um panorama abrangente desse setor estratégico. A reportagem contou com a participação do nosso sócio-diretor Jéferson Silveira Martins como especialista em fusões & aquisições e desenvolvimento de negócios de mineração. A seguir, resumimos os principais pontos abordados no artigo – uma leitura indispensável para quem acompanha o mercado de terras raras e quer entender suas perspectivas.
Importância das Terras Raras e Demanda Global: As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos essenciais para tecnologias modernas, como motores elétricos, ímãs de turbinas eólicas, baterias e eletrônicos de alta performance. O interesse pelo tema voltou a crescer porque o Brasil possui uma das maiores reservas do mundo e é o segundo maior produtor global, atrás apenas da China. Com a crescente transição para energia limpa e digitalização, a demanda global por terras raras está em forte alta. Segundo dados da International Energy Agency compilados pelo UBS, o consumo anual desses minerais deve saltar de 91 mil para 150 mil toneladas até 2040 – um aumento de 60% em poucos anos. Essa tendência reforça a relevância estratégica das terras raras, inclusive como possível trunfo diplomático em negociações comerciais, dado que países como os EUA dependem enormemente desses insumos de alto valor tecnológico.
Alto Risco e Longo Prazo dos Projetos: Apesar do potencial, investir no setor de terras raras não é para investidores impacientes ou avessos a risco. A matéria destaca que projetos de mineração de terras raras enfrentam desafios técnicos e financeiros bem acima da média. Como explicou Jéferson Silveira Martins na entrevista, o primeiro grande risco é geológico: no início não se sabe ao certo o que há no subsolo, sendo necessário um investimento robusto em pesquisas para conhecer o depósito mineral. Mesmo após confirmar a viabilidade geológica, a empresa mineradora precisa levantar muito capital para construir a planta de processamento e infraestrutura, o que leva tempo e envolve diversas etapas. Além disso, há os trâmites ambientais – no Brasil, o processo de licenciamento é complexo e imprevisível, podendo ocorrer atrasos significativos. Soma-se a isso o fato de que o mercado de terras raras é cíclico e volátil, dependendo de políticas de exportação (especialmente da China) e da demanda industrial global. O resultado: é comum que um projeto leve mais de uma década para se tornar realidade – até 16 anos para começar a operar, segundo estimativas do UBS mencionadas no texto.
Cenário Atual no Brasil: De acordo com a reportagem, atualmente há cerca de 30 projetos de terras raras em diferentes fases de desenvolvimento no Brasil, distribuídos por estados como Amazonas, Bahia, Goiás, Minas Gerais, Piauí e Tocantins. No entanto, apenas um projeto alcançou até agora a fase de operação comercial: a mina Serra Verde, em Minaçu (GO). Inaugurada em 2024 após 14 anos de preparação e um investimento de aproximadamente US$ 150 milhões (provenientes de fundos americanos e britânicos), a Serra Verde tornou-se a primeira produtora brasileira de terras raras em escala comercial. Ela explora um depósito de argila iônica rico em elementos como neodímio (Nd), praseodímio (Pr), térbio (Tb) e disprósio (Dy) – metais fundamentais para a fabricação de ímãs permanentes usados em turbinas e motores elétricos. Apesar de o Brasil possuir grandes reservas conhecidas, a matéria aponta que elas não são plenamente aproveitadas devido ao alto custo e complexidade das tecnologias de extração e separação desses minerais, o que obriga o país a ainda importar terras raras refinadas, principalmente da China. Para destravar o potencial brasileiro, seriam necessários avanços em marco regulatório, agilidade no processo de licenciamento de novas minas, melhor mapeamento geológico das reservas e maior estabilidade de mercado – todos esses são desafios listados pelo UBS no artigo.
Como Investir em Terras Raras: Uma questão central da matéria é se e como o investidor pode participar desse boom das terras raras. Investir diretamente em projetos de mineração no Brasil não é trivial para a pessoa física, já que a maioria das empresas do setor não está listada em bolsa localmente. Contudo, o investidor tem duas alternativas principais:
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Investir via empresas estrangeiras: Diversas companhias mineradoras internacionais, principalmente listadas nas bolsas da Austrália e do Canadá, estão envolvidas em projetos de terras raras no Brasil. Exemplos citados incluem empresas australianas como a Viridis Mining e Meteoric Resources, entre outras, que possuem capital aberto na bolsa australiana e aportam recursos em explorações de terras raras em solo brasileiro. Em geral, essas junior companies buscam minerais críticos aqui e levantam dinheiro em mercados mais maduros, onde os investidores estão acostumados a financiar projetos de mineração em estágio inicial. "Muitas empresas abrem capital na Austrália ou no Canadá, países que têm mais flexibilidade para negócios nos estágios iniciais de mineração. É um modelo muito comum de desenvolvimento, tanto no Brasil como fora" explicou Jéferson Silveira Martins no texto. Ou seja, quem deseja ser sócio dessas iniciativas pode comprar ações dessas companhias internacionais via corretoras que permitam acesso a bolsas estrangeiras.
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Investir via ETFs ou fundos temáticos: Outra opção destacada são os ETFs (Exchange Traded Funds) especializados em metais estratégicos. Esses fundos de índice permitem ao investidor se expor ao setor de terras raras de forma diversificada, diluindo riscos de projetos individuais. O artigo cita, por exemplo, o VanEck Rare Earth/Strategic Metals (REMX) e o Sprott Energy Transition Materials (SETM), ETFs internacionais que investem em um cesto de empresas ligadas a minerais críticos. Além dos ETFs, há fundos de investimento e veículos de private equity que acompanham o tema, embora voltados a investidores qualificados.
O Que Observar Antes de Investir: O alto risco envolvido torna essencial uma diligência aprofundada na escolha de qualquer ativo relacionado a terras raras. O professor Marcos Piellusch, da FIA Business School, pontua na matéria alguns indicadores-chave que os investidores devem verificar para estimar a maturidade e viabilidade de um projeto de mineração:
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Recursos medidos e estudos publicados: Verifique se o projeto já realizou pesquisas geológicas e divulgou resultados sobre o volume e teor das reservas minerais (por exemplo, relatórios JORC ou NI 43-101).
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Testes metalúrgicos ou piloto: Projetos mais avançados costumam ter realizado testes de processamento do mineral em laboratório ou em planta piloto, comprovando a viabilidade técnica de extrair e separar as terras raras.
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Licenças ambientais concedidas: A obtenção de licenças e autorizações ambientais indica que o projeto superou barreiras regulatórias importantes e pode iniciar operações conforme as normas.
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Acordos comerciais (offtake) vinculantes: Contratos preliminares de venda da futura produção ou parcerias estratégicas sugerem que há interessados no produto final, agregando credibilidade econômica ao projeto.
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Financiamento aprovado: Verifique se a empresa já captou ou tem disponível o capital necessário (via investidores, bancos de desenvolvimento, etc.) para financiar a construção da mina e da planta.
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Obras em andamento: Sinais de que a fase de construção já começou (terraplenagem, instalação de equipamentos) comprovam que o projeto saiu do papel e está mais próximo de gerar receita.
Segundo Piellusch, projetos que contam com apoio de bancos de desenvolvimento (como BNDES, por exemplo) tendem a ter uma due diligence mais rigorosa e estruturada, o que pode aumentar a confiança dos investidores. Além disso, Jéferson Silveira Martins complementa que é essencial checar o histórico dos executivos à frente da empresa: investidores devem avaliar se a gestão já conseguiu colocar outros projetos de mineração em operação no passado e se tem um track record de sucesso. Equipes experientes e competentes fazem toda a diferença em um setor tão desafiador.
Conclusão: O artigo do InfoMoney conclui que vale a pena, sim, ficar de olho nas terras raras, mas com expectativas realistas. Trata-se de um investimento para quem acredita nos fundamentos de longo prazo desse mercado e está disposto a assumir riscos e esperar o tempo de maturação dos projetos. Nós, da Silveira Capital, temos orgulho de ter contribuído com essa importante discussão, fornecendo nossa perspectiva especializada sobre um tema tão relevante para o futuro da indústria e da economia brasileira. Seguiremos acompanhando de perto o desenvolvimento do setor de terras raras e auxiliando clientes e parceiros a navegar pelas oportunidades e desafios que ele apresenta.
Para saber mais detalhes, recomendamos a leitura da matéria completa no InfoMoney (19/08/2025) Vale a pena investir nas terras raras no Brasil? Conheça os riscos e oportunidades e, claro, permanecemos à disposição para quem quiser discutir estratégias de investimento e desenvolvimento de negócios no campo dos minerais estratégicos.
Sobre o Autor
Jéferson Silveira Martins é especialista em fusões e aquisições (M&A), desenvolvimento de negócios e captação de investimentos nos setores de agronegócio e mineração. Como fundador da Silveira Capital, lidera transações estratégicas, conectando investidores a oportunidades sólidas.
Saiba mais sobre Jéferson Silveira Martins e sua trajetória aqui: Biografia Jéferson Silveira Martins
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