• Publicado em 11 de Novembro de 2025 às 09:12 emAgronegócio

Mercado de Rações para Pets e Animais Comerciais no Brasil 2025: Oportunidades de M&A e Parcerias Estratégicas

Introdução

O mercado de nutrição animal brasileiro atravessa um momento de grande relevância e transformação. De um lado, o segmento pet deve movimentar cerca de R$ 77 bilhões em 2025, [Fonte: Abinpet e IPB] consolidando o Brasil como o 3º maior mercado pet do mundo (atrás apenas dos EUA e da China). Por outro, a indústria de rações para animais comerciais (pecuária) projeta alcançar 94 milhões de toneladas produzidas no ano, atendendo um dos maiores rebanhos globais e consumindo aproximadamente 60 milhões de toneladas de milho e 20 milhões de farelo de soja como insumos. Com essa escala impressionante e crescimento contínuo (mesmo que em ritmo moderado), surgem oportunidades únicas de negócios. Muitas empresas estão buscando consolidação via fusões e aquisições (M&A) e parcerias estratégicas para ganhar competitividade e expandir para o mercado brasileiro.

Mas por que esse mercado é tão atrativo e estratégico no Brasil? Em parte, porque a presença de animais é onipresente: são cerca de 160 milhões de pets nas famílias brasileiras e um gigantesco plantel de animais de produção nas fazendas. Assim, o setor de rações se torna fundamental tanto no aspecto emocional (cuidar dos pets, membros da família) quanto no econômico (sustentar a produtividade do agronegócio). Este artigo tem como objetivo apresentar um panorama atualizado do mercado de rações, englobando pets e animais comerciais, destacando tendências, nichos de alto crescimento e fatores de sucesso, além de apontar oportunidades de investimento, parcerias e consolidação.

Ao longo do texto, discutiremos porque empresários e investidores devem ficar atentos a esse setor, inclusive abordando como estruturar parcerias ou aquisições bem-sucedidas.

Panorama do mercado de rações no Brasil

Para entender as oportunidades, é preciso primeiro dimensionar o mercado brasileiro de rações em 2025. Ele pode ser dividido em dois grandes blocos: pet food (ração para animais de estimação) e ração para animais comerciais (pecuária em geral, englobando principalmente aves, suínos, bovinos, peixes, entre outros). Cada um apresenta dinâmicas próprias de crescimento, margens e distribuição, mas ambos vêm ganhando destaque no cenário nacional.

  • Mercado Pet: Impulsionado pelo afeto aos animais de companhia, o setor pet atingiu um faturamento total em torno de R$ 75-77 bilhões em 2024 (crescimento de 12,6% em relação a 2023), com expectativa de leve crescimento para 2025 (cerca de R$ 77,2 bi, +2,4% sobre 2024 [Fonte: Abinpet]. Desse montante, aproximadamente 50% corresponde à venda de rações – cerca de R$ 40-42 bilhões anuais, evidenciando como a alimentação é o carro-chefe do mercado pet. O crescimento histórico foi acelerado pela “humanização” dos pets; durante a pandemia, por exemplo, muitas famílias aumentaram os gastos com seus animais, levando o setor de pet food a crescimentos anuais de dois dígitos. Em 2025, esse ritmo arrefeceu devido à inflação e menor consumo, mas o patamar de vendas se manteve elevado. O Brasil hoje é o terceiro maior mercado pet do mundo e abriga uma população pet enorme (estimada em 150-160 milhões de animais, com média de 1,8 a 2,2 animais por residência), o que garante uma base robusta de demanda.
  • Mercado de Animais Comerciais: No agronegócio, a indústria de alimentação animal abastece criações de aves, suínos, bovinos, peixes, pets e outros. Em 2024, esse setor produziu 91,1 milhões de toneladas em rações, concentrados e suplementos, gerando movimentação financeira na ordem de R$ 150-170 bilhões (considerando o custo dos ingredientes utilizados). Para 2025, projeta-se chegar a 92-94 milhões de toneladas (+2-3%)[Fonte: Sindirações], consolidando o Brasil entre os maiores produtores mundiais de ração animal. Essa produção massiva é sustentada pela forte cadeia de proteína animal, o país é líder em exportação de carnes de frango e bovina, por exemplo, e concentrada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde se localizam os principais polos de pecuária intensiva. O segmento é bastante sensível aos custos de insumos: milho e farelo de soja juntos representam cerca de 70% dos custos de formulação das rações, motivo pelo qual a volatilidade de preços agrícolas impacta diretamente as margens. Ainda assim, melhorias recentes (safras recordes de grãos em 2023/24, por exemplo) ajudaram a estabilizar os custos e favoreceram a retomada do crescimento em diversos subsetores em 2025.

Como se nota, ambos os segmentos são atrativos, embora por razões distintas. O mercado pet se apoia no valor agregado e na conexão emocional com os consumidores finais, permitindo preços e margens mais altos em nichos específicos (ração premium, snacks funcionais etc.). Já o mercado de pecuária é movido por volume e eficiência, sendo peça-chave da competitividade do agronegócio brasileiro, qualquer ganho em formulação ou custo logístico de ração pode repercutir em toda a cadeia de carnes, leite e ovos. 

Segmentação: Pets vs Animais Comerciais

Uma análise mais granular revela diferenças importantes entre o submercado de ração para pets e o de ração para animais de produção. Essas diferenças influenciam as oportunidades de investimento e os modelos de negócio em cada caso. A seguir, segmentamos o mercado em Rações para Pets e Rações para Animais Comerciais, comparando seus perfis, tendências e oportunidades.

Rações para pets: perfil, tendências e canais

O segmento de pet food no Brasil é marcado pela diversidade de produtos e pela exigência crescente dos consumidores (tutores). Nos últimos anos, houve uma clara premiumização: donos de cães e gatos procuram rações de maior qualidade, com ingredientes naturais, orgânicos, sem grãos ou conservantes artificiais. Essa busca reflete a preocupação com saúde e bem-estar dos pets, vistos cada vez mais como membros da família. Não por acaso, alimentos chamados super premium, com alta digestibilidade, suplementados com vitaminas, condroitina, ômega 3 etc., ganham participação no mercado, assim como linhas funcionais (por exemplo, rações especiais para controle de peso, cuidado oral, pelagem, rações hipoalergênicas, terapêuticas para problemas específicos etc.). A sustentabilidade também desponta: já existem opções de ração com ingredientes alternativos (como proteína de insetos e vegetais orgânicos) para atender tutores preocupados com o impacto ambiental.

Outra característica do mercado pet é a segmentação por espécie e porte. As empresas oferecem fórmulas específicas para cães de diferentes tamanhos e idades, rações para gatos indoor, rações para aves e roedores de estimação, entre outros. Essa evolução no perfil de pets impulsiona lançamentos frequentes e amplia a gama de produtos disponíveis.

Canais de distribuição: O acesso do consumidor final à ração pet se dá principalmente via lojas especializadas (pet shops) – existem milhares de pequenos e médios estabelecimentos pelo país, além de grandes redes nacionais e redes de varejo (supermercados e agropecuárias). Contudo, o canal digital vem ganhando enorme relevância: em 2024, o e-commerce pet cresceu cerca de 20-25% no Brasil, com destaque para a venda online de rações e medicamentos, segundo Sindilojas. Plataformas de pet shops virtuais e marketplaces facilitam comparar preços e receber produtos em casa. Modelos de assinatura mensal também estão em alta, garantindo conveniência e descontos a clientes fieis, além de receita recorrente para as empresas. Essa transformação digital exige que os fabricantes adaptem estratégias – parcerias com marketplaces, presença nas redes sociais, embalagens adequadas para entrega etc., mas também abre espaço para novos entrantes online.

Concorrência e marcas: O mercado pet brasileiro tem presença de gigantes multinacionais (Mars Petcare, Nestlé Purina, Royal Canin, Hill’s) ao lado de marcas nacionais consolidadas (PremieRpet, Special Dog, Magnus, Fórmula Natural, entre outras) e inúmeras marcas regionais. Apesar de certa concentração nas líderes, ainda há fragmentação em nichos e em distribuições locais, ou seja, muitas pequenas empresas atuando regionalmente, principalmente em produtos standard/econômicos. Essa estrutura fragmentada sugere potencial de consolidação: aquisições de marcas menores por grandes grupos ou fusões que criem empresas com portfólio mais amplo. Do ponto de vista do investidor, o segmento pet oferece oportunidades para agregar valor por meio de marca forte, inovação e marketing. Quem consegue lançar um produto diferenciado ou construir uma marca de confiança tende a capturar margens elevadas e fidelizar clientes (dado que tutores relutam em trocar a alimentação que deu certo para seus animais). Por outro lado, a competição intensa significa que novos entrantes precisam de capital para marketing e distribuição – motivo pelo qual parcerias (por exemplo, com redes varejistas ou empresas de tecnologia para acessar clientes) podem ser tão valiosas.

Em resumo, o mercado de rações pet no Brasil em 2025 é dinâmico, guiado por tendências de qualidade e conveniência. Empresas que inovam em produto (ex.: rações naturais, funcionais), investem em canais digitais e constroem relacionamento com o cliente saem na frente. A seguir, veremos que o cenário para rações de animais comerciais tem outra lógica, ainda que complementar.

Rações para animais comerciais: volume, escala e diferenciação técnica

No campo das rações para animais de produção, incluindo principalmente avicultura (frangos e poedeiras), suinocultura, bovinos de corte e leite, além de aquicultura , o jogo é de alto volume e eficiência de custos. O Brasil, como grande produtor mundial de proteína animal, sustenta internamente um mercado gigantesco de alimentação para esses plantéis. A avicultura de corte é o segmento que mais consome ração: são cerca de 37-38 milhões de toneladas anuais projetadas para 2025, seguidas pela suinocultura (~22 milhões t) e pelas cadeias de bovinos de corte (7,7 milhões t), leite (7,3 milhões t) e frangos de postura (7,35 milhões t). A aquicultura, embora ainda responda pelo menor volume (1,87 milhão de toneladas em 2025), cresce consistentemente ano a ano, refletindo a expansão da piscicultura (notadamente de tilápia) e da carcinicultura (criação de camarões) no país [Fonte: Sindirações].

Diferentemente do mercado pet, onde a marca e a apresentação do produto são cruciais, na ração comercial o que importa são atributos técnicos e econômicos: nutrição adequada, preço por tonelada, confiança na qualidade e regularidade de fornecimento. Muitas vezes, o comprador é um integrador agroindustrial ou uma cooperativa, e não o consumidor final, o que torna a relação mais B2B. Ainda assim, há diferenciação: formulações específicas para cada fase de criação (inicial, crescimento, terminação, gestação, lactação etc. no caso de suínos; fases de postura para poedeiras; dietas de confinamento para bovinos etc.), rações ou concentrados premium que prometem melhor conversão alimentar, e aditivos que agregam valor (enzimas que melhoram a digestão, probióticos para saúde intestinal, ingredientes que elevam a qualidade da carne/leite/ovos, entre outros). Por exemplo, um frigorífico exportador pode demandar ração sem promotores antibióticos para atender exigências de mercado externo, criando nichos de produto diferenciados, ou pecuaristas de leite de alta performance podem buscar rações com aditivos específicos para aumento de produtividade e redução de problemas metabólicos.

Um ponto crítico são as matérias-primas: como citado, milho e farelo de soja compõem a base da alimentação de aves e suínos, que juntos representam quase 80% da produção de ração no país. Isso torna o setor vulnerável a choques de preço nesses insumos, como ocorreu em 2021, quando safras menores e demanda alta elevaram os custos, pressionando margens. Em 2024/25 houve certo alívio: a safra brasileira de grãos foi recorde, e o custo médio do milho caiu (embora tenha voltado a subir no primeiro trimestre de 2025, +15% em reais, enquanto o farelo de soja recuou ~7%). Empresas bem-sucedidas neste ramo geralmente têm estratégias de gestão de risco de commodities, contratos futuros ou integração vertical (alguns produtores cultivam parte do milho que consomem, por exemplo). Além disso, logística pesa muito: transportar milho do Centro-Oeste até granjas no Sul/Sudeste encarece a ração; por isso, fábricas de ração tendem a localizar-se próximas aos polos de produção animal (há elevada concentração de indústrias de ração no Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás). Ganhos logísticos ou parcerias de distribuição podem ser decisivos para reduzir custo final.

Vale notar também a presença de grandes players globais no mercado de nutrição animal brasileiro. Multinacionais como Cargill (Nutron), ADM, DSM, Evonik, De Heus, Alltech, entre outras, atuam principalmente no fornecimento de pré-misturas (premixes), suplementos e aditivos às fábricas de ração ou produtores. Já a fabricação de ração completa pode ser feita por cooperativas agropecuárias (por exemplo, muitas cooperativas de aves e leite têm fábrica própria), por indústrias especializadas nacionais ou pelas próprias integrações frigoríficas (BRF, JBS, Seara produzem internamente grande parte da ração consumida em suas cadeias). Essa miríade de atores significa que o mercado ainda é relativamente fragmentado em certas regiões e nichos, abrindo espaço para parcerias estratégicas e aquisições. Por exemplo, uma empresa focada em aditivos pode se unir a um fabricante de ração para desenvolver uma linha diferenciada; ou grupos internacionais podem buscar adquirir empresas locais para acessar rapidamente o mercado brasileiro.

Oportunidades e desafios específicos: No caso de aquicultura, por exemplo, muitos veem enorme potencial, o Brasil tem condições de se tornar líder em piscicultura tropical, e isso demandará rações especializadas (com maior teor proteico, ingredientes marinhos ou alternativas como proteína de inseto, digestibilidade em água etc.). Já em bovinos de corte, a tendência de aumento do confinamento (animais alimentados em coxo no fim do ciclo) cria demanda por rações de alta energia e núcleos especializados. Em suínos e aves, a busca por eficiência contínua mantém o setor em evolução tecnológica, seja via melhoramento genético ou via nutrição de precisão, aqui há oportunidade para rações “sob medida”, formuladas a partir de softwares que ajustam nutrientes dia a dia, sensores nas granjas etc. Empresas que combinam know-how técnico (veterinários e zootecnistas especializados) com oferta de produtos costumam ter vantagem, pois não vendem só o saco de ração, mas serviço agregado (consultoria nutricional ao cliente).

Em síntese, o mercado de rações para animais comerciais é robusto e essencial para o agronegócio, com foco em escala, custo e ciência nutricional. As oportunidades de negócio residem em trazer inovações que melhorem a produtividade ou atendam novos nichos e em consolidar operações para ganhar escala de produção/distribuição. No próximo tópico, discutiremos exatamente os fatores que tornam esse mercado atrativo para fusões, aquisições e parcerias, dado seu estado atual de fragmentação e necessidade de ganhos de eficiência.

Fatores de atratividade para M&A e parcerias no setor

Tanto o mercado pet quanto o de nutrição animal de produção apresentam características que favorecem movimentos de fusão, aquisição e parcerias estratégicas. A seguir, destacamos os principais drivers que tornam esse setor atrativo para consolidação, bem como as sinergias típicas obtidas em operações de M&A.

Fragmentação do mercado: Apesar da presença de grandes empresas, o setor de rações ainda é relativamente fragmentado, especialmente em nichos e em âmbito regional. No varejo pet, por exemplo, pequenas e médias empresas respondem por quase metade das vendas em lojas físicas. Na nutrição animal comercial, existem dezenas de fabricantes independentes e cooperativas atendendo mercados locais. Essa fragmentação abre caminho para a consolidação. Fusões e aquisições podem unir players complementares, eliminando redundâncias e criando empresas maiores e mais eficientes. Investidores veem nisso a chance de ganhar participação de mercado rapidamente.

Cadeia de suprimentos e escala: A integração da cadeia de suprimentos é outro driver importante. Empresas maiores conseguem barganhar melhores preços de insumos (milho, soja, vitaminas) devido a volumes maiores, e otimizar a logística de distribuição (racionalizando rotas, preenchendo capacidade de transporte, negociando fretes). Assim, M&A no setor de rações muitas vezes visa ganhos de escala: ao adquirir concorrentes ou parceiros, a empresa resultante pode reduzir significativamente custos unitários. Num mercado onde a margem às vezes é apertada, qualquer redução de 1-2% no custo de produção ou frete pode significar grande vantagem competitiva. Além disso, parcerias verticais (por exemplo, entre um produtor de ração e um grande criador ou cooperativa) podem garantir abastecimento estável e escoamento, beneficiando ambos os lados.

Marca e portfólio de produtos: No segmento pet principalmente, marcas consolidadas têm valor elevado. Uma aquisição pode trazer uma marca forte para o portfólio do comprador, ampliando a presença em determinado nicho (ex.: uma multinacional adquirindo uma marca local de ração orgânica para entrar nesse segmento). Além disso, combinar portfólios permite oferecer um mix de produtos mais completo, atraindo distribuidores e clientes que preferem fornecedores “one-stop-shop”. A diferenciação de produto, fórmulas patenteadas, receitas secretas, linhas veterinárias, também agrega valor numa transação. Por isso, empresas inovadoras, que tenham know-how ou produtos exclusivos (ex.: uma startup com tecnologia de aditivos naturais), tornam-se alvos interessantes de aquisição ou parceria.

Qualidade e certificações: A qualidade assegurada é fundamental em nutrição animal. Empresas com certificações sanitárias e de gestão (BPF – Boas Práticas de Fabricação, ISO 22000, certificados de orgânicos, GMP+ etc.) saem na frente, pois garantem confiabilidade a clientes e abrem portas para exportação. Nesse sentido, aquisições podem ocorrer para incorporar capacidades de controle de qualidade ou atender requisitos específicos de mercado. Por exemplo, se uma empresa não tem ainda certificação para exportar ração pet a um mercado europeu exigente, ela pode optar por se fundir a outra que já detenha essa habilitação, em vez de começar do zero. Da mesma forma, parcerias entre empresas podem ser motivadas por complementariedade em compliance – uma tem a planta fabril adequada, outra tem a licença de algum ingrediente especial, juntas conseguem lançar um produto que separadas não poderiam.

Canais de venda e distribuição: Expandir ou melhorar os canais de distribuição é outro fator de atratividade. Uma fabricante regional de ração pode buscar parceria com uma rede de lojas para ter acesso privilegiado aos consumidores, ou inversamente, uma rede varejista pode adquirir um fornecedor para integrar verticalmente e melhorar margens. Em muitos casos de M&A no agronegócio, vemos integração vertical: produtores de insumos, fabricantes de ração, distribuidores e fazendas se combinando para capturar mais valor em cadeia. Já do lado horizontal (aquisição de concorrentes diretos), a motivação pode ser entrar em um novo mercado geográfico, por exemplo, uma empresa do Sudeste adquire outra no Nordeste para aproveitar o crescimento pet naquela região, ou eliminar competição aumentando sua base de clientes.

Além dos pontos citados, vale mencionar que o momento macroeconômico também influencia as estratégias de M&A.

Em suma, a atratividade do mercado de rações para M&A está na possibilidade de unir escala + marca + inovação + eficiência, criando empresas mais competitivas globalmente. Naturalmente, nem tudo são vantagens, é preciso avaliar também os desafios e riscos envolvidos, assunto do próximo tópico.

Áreas de maior potencial de negócios e parcerias

Dentro desse amplo mercado, algumas áreas específicas despontam com alto potencial de crescimento e merecem atenção especial de investidores e empresários em 2025 e nos próximos anos. Seja pelo crescimento acelerado da demanda, pela margem atrativa ou por lacunas ainda pouco exploradas, nichos e oportunidades estratégicas incluem:

  • Rações premium para pets: O nicho de rações premium e super premium para cães e gatos continua em expansão acelerada (estima-se crescimento que varia de 10-19% CAGR global na próxima década). Produtos dessa categoria – com proteínas de alta qualidade, ingredientes selecionados, sem subprodutos – atingem margens elevadas e um público disposto a pagar mais por qualidade. No Brasil, com a renda de parte da população pet lover aumentando e a humanização em alta, vemos espaço para marcas premium nacionais crescerem e para marcas globais entrarem via parcerias. Para um investidor, esse segmento oferece ticket médio alto e fidelização, mas requer investimento pesado em marketing e distribuição seletiva (estar presente nos pet shops de alto padrão, clínicas, etc.).
  • Rações orgânicas e funcionais para cães e gatos: Alinhadas à busca por vida saudável, emergem no Brasil as rações orgânicas certificadas (feitas com ingredientes orgânicos, sem agrotóxicos) e as rações funcionais – aquelas adicionadas de componentes que trazem benefícios específicos (pré-bióticos para a digestão, condroprotetores para as articulações, antioxidantes naturais para imunidade, etc.). Embora ainda representem uma fatia pequena (menos de 1% do faturamento, segundo a Abinpet), esses subnichos crescem rapidamente conforme uma parcela de tutores “super premium” busca o melhor para seus pets. O Brasil já conta com algumas linhas naturais/orgânicas, mas muitas vezes importadas ou de produção limitada. Há oportunidade para startups nacionais lançarem produtos orgânicos a preços competitivos, bem como para parcerias com fazendas orgânicas garantindo fornecimento de ingredientes. Por ser um mercado nascente, parcerias estratégicas podem acelerar a consolidação.
  • Rações para animais exóticos e aquicultura: Fora do eixo cães-gatos-bovinos, existem segmentos pouco atendidos e em forte crescimento. Um caso é a aquicultura: a produção aquícola brasileira (peixes de cultivo, camarões) vem crescendo ~5-7% ao ano, e demanda rações específicas. Em 2025, o consumo de rações pela aquicultura deve chegar a 1,87 milhão de toneladas, mas esse número pode multiplicar se o país explorar seu potencial aquícola. Investimentos em fábricas de ração para peixes (com extrusores diferenciados, etc.) ou parcerias com produtores de peixe para desenvolver formulações podem render frutos significativos, inclusive voltados à exportação (rações de qualidade superior para espécies nobres). Já animais de estimação exóticos, como aves ornamentais, pequenos mamíferos (coelhos, hamster), répteis e peixes ornamentais também representam nichos a explorar. A criação de aves e peixes ornamentais, por exemplo, cresce anualmente ~2-3% [Fonte: Abinpet], impulsionando a venda de alimentos específicos (ração para calopsita, papagaio, peixes de aquário, etc.). Embora sejam nichos menores em valor, podem ser lucrativos e pouco concorridos, ideais para pequenas empresas ou spin-offs de empresas maiores que queiram atender essas demandas especializadas.
  • Rações diferenciadas por espécie ou fase produtiva (animais comerciais): No campo das rações pecuárias, as soluções customizadas de maior valor agregado têm destaque. Isso inclui, por exemplo, rações especiais para matrizes suínas (que melhoram a produtividade de leitegada), rações de acabamento para frangos caipiras (atendendo nicho de frango orgânico ou caipira, com ingredientes naturais), ou dietas de precisão para gado de corte (ajustadas via software para otimizar ganho de peso e reduzir emissão de metano). Esses produtos muitas vezes podem cobrar um prêmio de preço se provarem desempenho superior. Empresas focadas em nicho técnico conseguem se diferenciar frente às grandes que atuam em massa. Assim, oportunidades de negócio existem em desenvolver linhas de ração “premium” dentro da pecuária, seja via P&D próprio ou em parceria com instituições de pesquisa e universidades (por exemplo, criar uma ração para gado de leite com suplemento que eleva teor de sólidos no leite, agregando valor ao produtor). Em um mercado gigante, mesmo nichos de 1-2% podem representar milhões em faturamento.
  • Suplementos nutricionais e aditivos tecnológicos: Cresce também a demanda por produtos complementares à ração, como premixes vitamínicos, núcleos minerais, aditivos (enzimas, probióticos, óleos essenciais), que podem ser adicionados na dieta dos animais para melhorar performance ou saúde. Esse é um setor à parte, mas intimamente ligado à ração. Parcerias entre empresas de nutrição animal e startups de tecnologia são promissoras aqui: por exemplo, empresas de biotecnologia desenvolvendo enzimas que aumentam a digestão de fibra podem se associar a fabricantes de ração para incorporar essa inovação nas formulações. Ou uma startup que produz proteína de inseto em larga escala (já há empresas brasileiras fazendo isso) pode fornecer ingrediente sustentável para. O Brasil tem um ecossistema crescente de agritechs e “pettechs”, e conectá-las às empresas tradicionais via parcerias ou investimentos pode gerar produtos inéditos e vantagem competitiva. Quem sair na frente em tendências como alimentação funcional para pets ou nutrição de precisão na pecuária colherá resultados expressivos.

Além dos nichos de produto, é importante destacar formas de parceria estratégica possíveis no setor. Algumas configurações que têm se mostrado eficazes:

  • Fabricante de ração + distribuidor/varejista: Parceria entre quem produz e quem tem contato com o cliente final, garantindo canais de venda preferenciais. Exemplo: um fabricante fecha acordo com uma grande rede de pet shops para desenvolver uma linha exclusiva de ração com marca própria da rede – o distribuidor ganha um diferencial e o fabricante garante volume de vendas.
  • Parceria vertical (insumos + ração + serviço técnico): Integração de diferentes elos: um fornecedor de ingredientes ou premixes se une a um produtor de ração e a uma empresa de assistência técnica veterinária para oferecer um pacote completo ao pecuarista. Assim, o cliente recebe a ração formulada, a recomendação técnica de uso e talvez até o ingrediente especial, tudo de uma fonte coordenada, aumentando a fidelização e o valor agregado.
  • Aliança entre marcas nacionais e globais: Muitas multinacionais buscam entrar ou ampliar presença no Brasil, e podem fazê-lo via parcerias com empresas locais. Por exemplo, uma empresa brasileira pode licenciar uma marca estrangeira de pet food super premium para produzir e/ou distribuir aqui, combinando o prestígio internacional com o conhecimento de mercado local. Ou ainda joint ventures onde o parceiro internacional aporta capital e tecnologia, e o local aporta fábrica e rede comercial estabelecida.
  • Joint ventures com foco em tecnologia: Conforme mencionado, unir empresas tradicionais a startups ou centros de pesquisa pode ser altamente estratégico. Pode-se criar um laboratório conjunto para desenvolver novas fórmulas, ou uma startup de software para fazendas pode associar-se a uma empresa de ração para integrar um serviço de formulação customizada por aplicativo, por exemplo. Com a transformação digital no agro, parcerias assim trazem inovação que isoladamente seria custoso desenvolver.

Em suma, as oportunidades de negócio no mercado de rações em 2025 passam tanto por identificar nichos de produto em alta quanto por arquitetar parcerias e aquisições que alavanquem vantagens competitivas. Cabe a cada empresa avaliar onde possui fortalezas e onde busca complementariedade – seja em portfólio, em tecnologia, em acesso a mercado – e partir para essas estratégias de crescimento. A seguir, abordaremos os desafios e riscos que devem ser considerados antes de dar esses passos, bem como boas práticas para estruturar essas parcerias ou M&As de forma bem-sucedida.

Desafios e riscos a considerar

Nem tudo são flores no caminho de investir ou consolidar negócios no setor de rações. Empresários e investidores precisam estar cientes dos desafios e riscos inerentes, a fim de planejar medidas mitigadoras. Abaixo listamos os principais pontos de atenção:

  • Barreiras regulatórias e sanitárias: A fabricação de rações no Brasil é fortemente regulamentada pelo Ministério da Agricultura (MAPA). É preciso atender a normas de registro de estabelecimento, registro de produto, rotulagem, limites de componentes (ex.: proibição de certos promotores de crescimento, controle de salmonela etc.). Para novos entrantes, as barreiras de entrada podem ser significativas em termos de burocracia e necessidade de certificações. Além disso, para exportar ração ou ingredientes há barreiras sanitárias internacionais, por exemplo, alguns países importadores exigem certificação livre de determinadas doenças ou aceitam apenas fornecedores aprovados. Esse contexto favorece quem já está em conformidade, mas é um desafio para aquisições (fazer due diligence para verificar se a empresa alvo cumpre requisitos, possui licenças em dia, passivos ambientais ou sanitários ocultos etc.).
  • Carga tributária elevada: Um ponto crítico especialmente no segmento pet é a carga de impostos. No Brasil, ração pet é considerada produto supérfluo pela legislação fiscal, incidindo pesadamente em impostos – estima-se que para cada R$ 1 gasto em pet food, cerca de R$0,40 - 0,50 sejam tributos, muito acima da média internacional (nos EUA é ~6-8%, na UE ~10-25%). Isso encarece o produto final e reduz margens tanto do fabricante quanto do varejo, além de desestimular consumo em épocas de aperto financeiro. Mudanças na tributação (como a Reforma Tributária prevista para entrar em vigor nos próximos anos) podem alterar esse cenário, mas por ora é um risco que as empresas precisam gerir. No caso de rações agrícolas, há isenções em alguns estados e regimes especiais, mas a complexidade fiscal permanece um desafio operacional.
  • Volatilidade de preços de insumos: Conforme discutido, o setor depende de commodities cujos preços oscilam conforme safras, clima e mercado global. Choques de oferta (estiagens, pragas) ou oscilações cambiais (dólar alto encarece vitaminas e premixes importados, por exemplo) podem corroer a rentabilidade rapidamente. Um risco associado é a imprevisibilidade nos repasses de custo, se a concorrência estiver alta, pode não ser possível repassar aumentos de matéria-prima ao preço da ração, comprimindo margens. Para mitigar, empresas precisam de estratégias financeiras (hedge, contratos a termo) e flexibilidade de formulação (substituir ingredientes por equivalentes mais baratos quando possível). Ainda assim, investidores devem analisar sensibilidade das margens a preços de milho/soja em quaisquer projetos ou aquisições.
  • Concorrência intensa e players estabelecidos: Entrar no mercado significa enfrentar tanto gigantes multinacionais com bolsos fundos quanto marcas locais bem enraizadas. A lealdade a marcas no pet food pode ser alta, tutores hesitam em mudar a alimentação de seus pets sem motivo, o que dificulta conquistar clientes. Já na ração de produção, muitos integradores têm contratos de longo prazo com fornecedores ou estrutura própria, deixando pouco espaço para novos fornecedores, a não ser com proposta de valor muito diferenciada ou preço agressivo. Portanto, o risco competitivo é elevado. Aquisições podem ajudar a driblar isso (comprar um concorrente em vez de enfrentá-lo), mas aqui surge outro risco: pagar caro demais num M&A devido às perspectivas de mercado, e depois não conseguir extrair as sinergias projetadas, tornando o investimento menos rentável. É fundamental realizar avaliações realistas e due diligence comercial para entender a dinâmica competitiva antes de fechar negócio.
  • Integração pós-fusão e diferenças culturais: Caso se opte por uma aquisição ou fusão, o processo de integração das empresas é desafiador. Muitas vezes, a empresa-alvo tem uma cultura organizacional própria, processos e sistemas distintos. Unificar equipes de vendas, malhas logísticas e até branding (decidir se mantém marcas separadas ou funde) exige planejamento e tato. No setor agro, especificamente, há riscos logísticos, integrar diferentes fábricas e canais de distribuição sem perder clientes no meio do caminho. Há também risco de perda de talentos-chave: em empresas familiares, por exemplo, a saída dos antigos donos pode desestabilizar relações com fornecedores e clientes se não houver retenção adequada. Em suma, a execução mal feita de uma integração pode fazer a soma 1+1 ser menor que 2, frustrando as sinergias esperadas.
  • Necessidade de inovação contínua: A longo prazo, uma ameaça para qualquer empresa de nutrição animal é ficar obsoleta. Novos ingredientes, novas exigências (como proibições regulatórias a certos aditivos), tendências de consumo (sustentabilidade, produtos “grain-free”, etc.) obrigam um investimento constante em P&D. Quem não inova pode se ver vendendo um produto comoditizado de baixo preço enquanto o mercado migra para opções mais modernas. Portanto, ao avaliar um negócio, deve-se considerar o pipeline de inovação, parcerias com universidades, presença de um corpo técnico qualificado (veterinários, zootecnistas) e capacidade de adaptação da empresa às tendências. A falta disso é um risco estratégico.
  • Outros riscos: Poderíamos citar ainda riscos de crises sanitárias, e.g., um surto de doença animal (gripe aviária, peste suína) pode derrubar repentinamente a demanda de ração em um segmento, como quase ocorreu com as exportações de frango em 2025, e riscos macroeconômicos (queda de renda reduz gastos com pets ou diminui engorda de gado, etc.). Essas incertezas fazem parte do cenário e reforçam a importância de diversificação dentro do portfólio (atuar em múltiplos segmentos pode amortecer impactos, já que dificilmente todos serão afetados por uma crise ao mesmo tempo).

Apesar desses desafios, boas práticas de gestão e planejamento podem mitigar os riscos. Por exemplo, no caso de integração pós-M&A, uma due diligence bem feita e um plano de integração detalhado – incluindo gestão de mudança cultural, são essenciais (a Silveira Capital apoia seus clientes justamente nessa preparação, garantindo que as sinergias mapeadas no papel se concretizem na realidade). No aspecto regulatório, manter uma área de compliance atualizada e relacionamento com órgãos reguladores ajuda a antecipar mudanças e evitar surpresas. Já na parte de inovação e competitividade, investir em parcerias (com startups, institutos) pode trazer agilidade e evitar que a empresa fique para trás.

Conhecer esses riscos é importante para tomar decisão informada. No próximo item, apresentaremos um breve guia de como estruturar parcerias ou aquisições de forma bem-sucedida no setor de rações, cobrindo desde a diligência até os modelos de negócio possíveis.

6. Como estruturar uma parceria ou aquisição bem-sucedida

Entrar no mercado de rações – seja via aquisição de uma empresa existente, fusão ou parceria estratégica, requer planejamento cuidadoso e execução profissional. Abaixo, trazemos um checklist de diligência e passos essenciais para estruturar um negócio bem-sucedido, bem como os modelos de parceria mais comuns e as métricas-chave a serem observadas durante o processo. Por fim, comentamos como a Silveira Capital pode auxiliar como facilitadora.

Checklist de due diligence (diligência prévia): Antes de qualquer investimento ou parceria, é crucial realizar uma análise completa da empresa alvo ou parceira. Aspectos a verificar incluem:

  • Mercado e posição competitiva: Avaliar o market share da empresa em seu segmento/região, o crescimento do mercado onde atua e as barreiras de entrada. Entender quem são seus principais concorrentes e diferenciais. (Ex.: A empresa é líder em ração para peixes no Nordeste? O mercado local cresce acima da média nacional? Isso sustenta a tese de investimento?)
  • Portfólio de produtos e inovação: Revisar a qualidade e amplitude dos produtos. Eles atendem às tendências atuais (ex.: linha grain-free, rações medicinais, suplementos)? Há pipeline de novos produtos? Verificar também formulações, patentes, dependência de algum insumo crítico. (Ex.: Quão diferenciada é a ração que a empresa produz ou é basicamente commodity? Tem alguma patente ou receita exclusiva?)
  • Canais de venda e distribuição: Mapear como os produtos chegam ao cliente. Venda direta? Distribuidores? E-commerce? Qual a capilaridade (alcance geográfico) e eficiência logística? Uma empresa pode ter ótimo produto, mas distribuição fraca, identificar isso permite já planejar melhorias. Avaliar contratos existentes com distribuidores ou clientes grandes.
  • Reputação da marca e base de clientes: Verificar a percepção dos clientes e do mercado sobre a empresa. Marca bem avaliada? Há reclamações recorrentes (qualidade, atrasos)? E a carteira de clientes, é diversificada ou concentrada? (Ex.: Se 50% das vendas são para um único integrador, há um risco de concentração.) Lealdade dos clientes, taxas de recompra, etc., também entram aqui.
  • Compliance e aspectos legais: Confirmar se a empresa está regularizada (registros no MAPA, licenças ambientais, trabalhistas, sanitárias). Identificar quaisquer passivos ocultos: ações judiciais, dívidas fiscais, pendências regulatórias que possam gerar multa ou interrupção de atividades. Compliance é vital para evitar surpresas pós-negócio.
  • Certificações de qualidade: Listar certificações relevantes (ISO, BPF, orgânico, GMP+, etc.) da empresa. Isso diz muito sobre o quão preparada ela está para mercados exigentes. Se não tiver, avaliar o esforço necessário para obter, caso seja do interesse estratégico.
  • Cadeia de suprimentos: Entender de onde vêm as matérias-primas (milho, soja, carnes, aditivos). Existem contratos de longo prazo? Dependência de poucos fornecedores? Risco cambial (insumos importados)? Estoques médios e políticas de compra? Uma due diligence financeira deve cobrir estoque e capital de giro, dado que comprar grãos é cash-intensive.
  • Capacidade produtiva e estado das instalações: Visitar fábricas, verificar capacidade ociosa ou necessidade de expansão. Ver estado dos equipamentos (modernos vs obsoletos), automação, etc. Isso impacta quanto investimento adicional será preciso após aquisição. Conferir também localização e possibilidade de ganhos logísticos integrando com outras unidades.
  • Finanças e margens: Por fim, uma análise financeira robusta: receitas, crescimento histórico, margens bruta e EBITDA, endividamento, fluxo de caixa, necessidade de capital de giro. Unit economics, margem por tonelada de ração vendida, por exemplo, ajuda a ver se o negócio é eficiente. Se for parceria minoritária, esses dados ajudam a projetar retorno; se for aquisição, alimentam o valuation.
  • Cultura e pessoas: A compatibilidade cultural entre as empresas é um dos maiores determinantes do sucesso pós-M&A, mas frequentemente negligenciada nas análises. Diferenças nos valores, estilos de gestão ou nível de autonomia podem gerar conflitos internos e perda de talentos-chave. Avaliar a cultura organizacional, o clima interno e a motivação das lideranças ajuda a antecipar desafios de integração e traçar estratégias de retenção e alinhamento desde o início.
  • Operação e processos: Entender como a empresa-alvo opera na prática, desde a produção até a logística, é essencial para avaliar riscos, sinergias e custos de integração. Mapear processos críticos, níveis de automação, sistemas utilizados, gargalos e boas práticas permite identificar onde haverá ganhos reais de eficiência ou onde será necessário investimento. A operação atual precisa ser compatível ou complementar à do adquirente para que a fusão agregue valor.

Essa checklist não é exaustiva, mas cobre os pilares principais. O auxílio de consultores experientes em M&A agronegócio é recomendável para conduzir essa diligência, questões específicas como qualidade nutricional, riscos sanitários e estratégicos de agronegócio pedem um olhar especializado.

A estruturação de negócios no setor de rações pode seguir diferentes modelos, como aquisições totais (com controle completo da operação), participações minoritárias com (ou sem) opção de compra (que permitem testar a convivência entre sócios) ou joint ventures/parcerias comerciais específicas. Cada formato exige alinhamento estratégico e contratos bem definidos para garantir equilíbrio e governança. Durante a avaliação e no pós-deal, métricas como CAC, churn, crescimento, margem bruta, participação de mercado e produtividade ajudam a medir o sucesso da integração. A chave para parcerias bem-sucedidas está na clareza dos objetivos, alinhamento entre as partes e acompanhamento rigoroso de resultados. 

A Silveira Capital atua como assessora e facilitadora de M&A nesse setor, auxiliando desde a identificação de oportunidades, condução da due diligence, modelagem financeira, até a negociação e fechamento do negócio. Com experiência desde 2016 em agronegócio e nutrindo extensa rede de contatos, nossa equipe ajuda a estruturar operações de modo que tanto compradores quanto vendedores/ex-sócios obtenham o máximo valor e segurança. Além disso, apoiamos na fase pós-deal, orientando sobre integrações e eventuais captações de capital de giro ou expansão.

Em resumo, preparação e acompanhamento são as chaves para o sucesso em uma parceria ou aquisição. Ao contratar um advisor experiente, seguir um checklist rigoroso, escolher o modelo adequado e focar nas métricas certas, as chances de uma transação de M&A no mercado de rações gerar resultados positivos aumentam exponencialmente.

Conclusão

O ano de 2025 consolida o mercado de rações para pets e animais comerciais como um dos pilares tanto do varejo quanto do agronegócio brasileiro. Vimos ao longo deste artigo que, mesmo com desafios como inflação e desaceleração econômica moderando o crescimento, o setor apresenta fundamentos sólidos e diversas oportunidades de negócio. Recapitulando os principais pontos:

  • O panorama setorial revela um mercado pet robusto (R$77 bi/ano) e um mercado de nutrição pecuária gigantesco (94 milhões de toneladas), ambos com tendências de longo prazo favoráveis suportado por pessoas tratando pets como filhos, demanda global por proteína animal, inovação em nutrição etc.
  • Segmentações-chave: no segmento pet, destacam-se oportunidades em produtos premium, naturais e na expansão de canais digitais; já no segmento comercial, o foco está em eficiência, especialização (ex.: aquicultura) e oferta de soluções completas aos produtores.
  • Drivers para M&A e parcerias incluem a fragmentação do mercado (muitas empresas para consolidar), ganhos de escala logística, busca por tecnologia/inovação e expansão de mercado. Diversos negócios já vêm acontecendo nessa linha, e a expectativa é de aceleração nessa consolidação.
  • Niches de alto crescimento: rações premium e orgânicas para pets, rações específicas para peixes e outros nichos, suplementos e aditivos, todos apresentando crescimento acima da média e margem atrativa, especialmente quando combinados com parcerias estratégicas que potencializam suas vendas.
  • Cuidados ao investir: enfatizamos os riscos regulatórios, tributários, de concorrência e integração, indicando que uma avaliação criteriosa e mitigação (via due diligence, compliance, planejamento de integração) são indispensáveis para o sucesso.
  • Estruturação de negócios: fornecemos um guia prático de como conduzir uma aquisição ou parceria, desde a análise do mercado, produto, canal, até modelos de negócio (JV, aquisição parcial/total) e métricas para acompanhar o desempenho. Com as ferramentas certas, é possível transformar sinergias previstas em realidade e evitar surpresas desagradáveis.

Olhando para 2026 e além, a expectativa é de um setor ainda mais inovador, sustentável e integrado. Tendências como a alimentação funcional e personalizada dos pets, o uso de ingredientes alternativos (insetos, algas) para reduzir a pegada ambiental das rações, e a adoção de tecnologias de precisão na nutrição animal de produção (monitoramento do consumo via IoT, algoritmos de formulação em tempo real) devem ganhar força. Essas tendências abrem novos horizontes para empresas ágeis e bem-capitalizadas. Estimativas indicam que o mercado brasileiro de produtos pet pode ultrapassar R$ 80 bilhões em 2026 [Fonte: Abinpet], e no lado de nutrição animal, o Brasil continuará buscando recordes de produção para sustentar sua liderança em proteínas. Ou seja, há muito espaço para crescer e lucrar, mas também a necessidade de investir, inovar e, muitas vezes, unir forças para capturar todo esse potencial.

Se você, leitor, está avaliando entrar nesse setor de rações ou buscar parcerias estratégicas, este é o momento certo para agir. A consolidação e profissionalização do mercado já estão em curso, e aqueles que se anteciparem colherão os melhores resultados. Entre em contato com a equipe da Silveira Capital para explorar sinergias e oportunidades sob medida para o seu caso – como assessoria financeira independente, podemos ajudá-lo a encontrar o parceiro ideal, estruturar a aquisição desejada ou mesmo desenhar a melhor estratégia de crescimento orgânico e M&A no agronegócio de nutrição animal.

O futuro da alimentação animal no Brasil é promissor, pautado por qualidade, saúde animal e sustentabilidade. Com planejamento e parcerias bem estruturadas, empresários e investidores poderão não apenas acompanhar as tendências, mas liderá-las, construindo negócios de sucesso e contribuindo para um setor de rações cada vez mais forte e inovador.

Silveira Capital, a conexão entre as oportunidades e o capital.

Sobre o Autor

Jéferson Silveira Martins é especialista em fusões e aquisições (M&A), desenvolvimento de negócios e captação de investimentos nos setores de agronegócio e mineração. Como fundador da Silveira Capital, lidera transações estratégicas, conectando investidores a oportunidades sólidas.

Saiba mais sobre Jéferson Silveira Martins e sua trajetória aqui: Biografia Jéferson Silveira Martins

 

Este artigo é fornecido apenas para fins informativos e não constitui aconselhamento jurídico, financeiro ou de investimento. Antes de tomar qualquer decisão de investimento ou desinvestimento, consulte profissionais qualificados. As opiniões expressas neste artigo são do autor e não refletem necessariamente as da Silveira Capital ou de suas afiliadas.